Audiência pública reúne bikers de Linhares para debater melhorias cicloviárias
Pedalar! Quais são os desafios diários para quem escolheu se movimentar com sua bike? O que precisa ser feito de mais urgente para garantir mais segurança a quem utiliza a bicicleta como meio de transporte para lazer, esporte ou trabalho?
Para responder a essas perguntas e adotar as medidas legais necessárias, o presidente da Câmara Municipal de Linhares, vereador Roque Chile (PSDB), reuniu quatro especialistas no assunto em uma audiência pública, realizada de forma remota, nesta quarta-feira (19), pela Câmara de Linhares. E durante todo o tempo, internautas fizeram diversas perguntas, que foram respondidas logo após a exposição dos convidados.
O número de adeptos às bicicletas é cada vez maior, tanto de ciclistas que se locomovem diariamente até seus trabalhos, também daqueles que encontraram na prática uma fonte de lazer aos finais de semana, e os que praticam diferentes modalidades esportivas sobre duas rodas. E todas essas vozes estiveram representadas no debate, que trouxe como tema: A implantação de ciclovias e ciclofaixas.
“A proposta é que tenhamos em nossa cidade, espaços demarcados aos sábados, domingos e feriados voltados especialmente para a prática do ciclismo, seja ele profissional ou como forma de lazer”, apontou Roque Chile.
Fundador do Pedal Linhares, pioneiro em reunir adeptos da modalidade, Sebastião de Souza Silva, conhecido como Tião do Pedal, justificou a importância do tema diante do impulsionamento da prática do ciclismo. Segundo ele, nos últimos tempos, houve um crescimento de quase 10% dos adeptos ao ciclismo, o que seria três vezes mais do que a quantidade de automóveis. Daí a necessidade de incluir os ciclistas na discussão sobre mobilidade urbana.
“O ciclismo é um ator integrado ao complexo maior da mobilidade urbana. Nós somos, junto aos pedestres, a parte fraca desse elo. E por isso as autoridades têm sim que dar uma atenção especial”, enfatizou.
Tião afirmou ainda que tem encontrado muito apoio neste novo ciclo de vereadores, e que vem sendo procurado por diferentes parlamentares intencionados em apoiar a prática da modalidade.
Para garantir que melhorias tenham amparo legal, o vereador Roque Chile elaborou o Projeto de Lei Complementar PLC nº 7/2021, que altera o Plano Diretor Urbano. “Na prática, o projeto pretende aumentar o uso da bicicleta como meio de transporte, criar uma convivência harmoniosa entre ciclistas e motoristas, desafogar o trânsito, integrar a sociedade com a prática esportiva, resgatar valores familiares, prevenir a saúde física e mental, fomentar a educação no trânsito e melhorar a acessibilidade e a mobilidade urbana”, afirmou Roque Chile.
Pontos críticos
Diversos desafios foram lançados durante o bate-papo. A falta de ciclofaixas e ciclovias, descontinuidade das faixas, buracos. Também foram citados: falta de iluminação e sinalização, entulhos depositados inadequadamente, e falta de segurança, dentre outras dificuldades encontradas por aqueles que escolhem pedalar.
Na fala do líder do grupo MTB Giro Livre, Roni Donato, a grande quantidade de ciclistas utilizando o espaço urbano revelou a necessidade de criar uma infraestrutura adequada para a prática. Ele ressalta que o uso de ciclovias tira o ciclista do trânsito pesado e é capaz de educar, fazendo ele andar conforme as regras.
“Colocar os iniciantes para pedalar dentro das ciclovias faz com que eles andem dentro dos conformes. Quando não temos a cidade bem estruturada, esse iniciante acaba migrando para a BR 101. E na rodovia, é preciso ter muita experiência para andar”, ressalta.
Coordenadora do grupo “Amigas do Pedal”, Angélica de Oliveira reiterou a importância dessa estrutura e criticou o desaparecimento da ciclovia do BNH e também da que ligava o bairro ao Interlagos. “Elas fazem uma falta muito grande e tem colocado em risco nós como ciclistas, porque os carros agora avançam pra cima do espaço onde era uma ciclovia. Não tem sinalização nenhuma”, apontou.
Ela também ressaltou a necessidade de mais sinalização para as ciclovias que ligam o Interlagos ao bairro Aviso e o bairro Canivete ao Centro.
Também foi apresentada durante a audiência a questão do grande número de pessoas que utilizam as ciclovias para outras finalidades - pedestres e adeptos a outras modalidades, como caminhadas, corridas e a patinação. E ficou destacada a necessidade de uma campanha educativa para conscientizar a todos sobre a utilização do espaço.
Participação pública
Dezenas de internautas participaram da audiência pública enviando sugestões e questionamentos. A padronização das ciclovias municipais com implantação das normas de uso exclusivo e compartilhado com demais tipos de transportes - patinetes e patins, por exemplo – e pedestres foi uma das sugestões apresentadas pelo ciclista de longa distância Ary José Gava Júnior.
Gelcimar Nascimento afirmou ser “muito importante o processo de ciclovia, mas também teremos que pensar na educação do pedestre”. E Herivelton Correa acrescentou: “Pedestre, ciclista, motociclista, motorista, enfim, todos conhecem a lei, mas precisam ser "reeducados". E para isso é necessário a presença da guarda municipal nos horários de pico nas ciclovias”, apontou
Quanto a ruas com horários exclusivos para lazer, Edivalber Crevelari sugeriu para os finais de semana e feriados, o fechamento da lateral da BR-101, no trecho que vai da Lagoa Juparanã até Três Barras, das 7 às 13 horas, como acontece na Praia de Camburi, em Vitória. O internauta também destacou o pedido de interligar as ciclovias entre os bairros, até chegar ao Centro.
Cássio Dias Lopes falou o quanto é importante haver “uma avaliação e debate neste contexto com a Eco101, diante das mudanças que poderão ocorrer na rodovia, principalmente advindas das mudanças na alça viária de Linhares”.
“Bacana demais essa interação de ciclistas e lideranças de todo Estado! Parabéns Roque pela iniciativa de buscar melhores condições para a prática do ciclismo”, registrou Gabriel da Bike.