De 1947 até hoje, apenas oito mulheres foram eleitas vereadoras em Linhares
Em 73 anos de história, a Câmara de Vereadores de Linhares teve somente sete mulheres ocupando uma das cadeiras do Legislativo Municipal. Para a legislatura que começa em 2021, apenas uma candidata feminina foi escolhida pelo eleitorado. Os outros 16 eleitos são homens.
Foram registradas 318 candidaturas para Câmara de Linhares nessas últimas Eleições, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desse total, 102 eram mulheres. A única eleita, Therezinha de Rio Quartel, foi a oitava escolhida na história do Legislativo municipal, com 700 votos.
“Em 17 vagas só uma eleita? Eu fiquei triste com isso! Tinha mulheres ali capacitadas para assumir esse cargo, que tinham condições para serem eleitas, mas, infelizmente, não foram”, lamenta Therezinha.
Na opinião da candidata eleita, nem sempre as mulheres estão dispostas a concorrer. “Eu acredito que a gente precisa fazer uma boa conscientização para podermos avançar, mas não só em período eleitoral. Temos que fazer isso com tempo, para buscar conhecimento, informações e grupos de mulheres. E conscientizar a própria mulher do valor e papel dela na política”, pontua.
Histórico feminino
Até a década de 1940, Linhares pertencia ao município de Colatina. Com o crescimento econômico do território linharense, a cidade foi desligada de Colatina em 31 de dezembro de 1943 pelo Governo do Estado.
Depois disso, o município teve o primeiro prefeito, Roberto Calmon, e, em 23 de dezembro de 1947, a primeira sessão ordinária da Câmara de Vereadores. Já naquele ano, o Legislativo teve uma mulher como representante: Elita Calmon Machado. Ela seguiu até 1950. De lá para cá foram 19 legislaturas ao todo.
Depois de Elita Calmon, somente na nona legislatura, em 1977, que outra mulher assumiu uma das cadeiras. Maria Edna Fioroti foi a segunda vereadora do município. Reeleita outras duas vezes, Fioroti ocupou, em 1983, a presidência da Câmara de Vereadores. A única mulher na história do Legislativo linharense a assumir esse cargo. Ela seguiu na vida parlamentar até 1988.
Josinete Correia Soeiro foi a terceira vereadora eleita no município de Linhares. Ela assumiu a cadeira em 1993, na décima terceira legislatura, foi reeleita nas Eleições de 1996 e seguiu no Legislativo até 2000.
Em 2001, na décima quinta legislatura, duas mulheres foram levadas à Câmara de Vereadores pelos eleitores: Maria Nilsa Rocha Fregona e Sandra Maria Nunes. As duas ficaram na Casa até 2004.
Depois disso, uma representante feminina só foi eleita 13 anos depois. Em 2017, Rosa Ivânia Euzébio dos Santos, a Rosinha Guerreira, foi a sexta vereadora na história do município. Em 2019, a Justiça afastou Rosinha do cargo. A suplente, Pâmela Gonçalves Maia, assumiu a cadeira como a sétima mulher a ser representada na Câmara de Vereadores de Linhares.
Nas Eleições do último dia 15, Pamela Maia teve 1.150 votos. Foi a sexta mais votada do município, mas ficou como suplente por conta do quociente eleitoral. Ela segue na cadeira até o dia 31 dezembro e adianta que a prioridade para os próximos quatro anos é a de unir mulheres para que possam ocupar mais espaço no Legislativo.
“Já conversei com algumas mulheres para gente se unir e ir em busca de ter, pelo menos, 50% de representatividade feminina na Câmara de Vereadores. Somos mais de 50% da população linharense e, na última legislatura, tinha uma mulher e, agora, só mais uma também. Falta as mulheres se colocarem à disposição”, afirma a vereadora.